domingo, 21 de dezembro de 2025
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Sidarta Ribeiro fala sobre a naturalidade do sonho

EM 24 DE NOVEMBRO DE 2025, ÀS 20:45

A velocidade de leitura de crianças em fase de alfabetização pode aumentar significativamente com a inclusão de sonecas durante o horário escolar. Essa descoberta foi feita por Sidarta Ribeiro, neurocientista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e líder do Instituto do Cérebro, que se dedica ao estudo da mente humana.

Ribeiro, que se interessa pelo tema do sono desde seu doutorado, acredita que unir conhecimentos científicos com saberes ancestrais pode ajudar a enfrentar diversos desafios contemporâneos, como o conservadorismo, a destruição ambiental e a crescente individualização da sociedade. Essa visão é abordada no documentário “Criaturas da Mente”, dirigido por Marcelo Gomes, que traz uma reflexão sobre a importância dos sonhos e a relação entre ciência e tradições culturais, incluindo depoimentos de líderes indígenas e espirituais.

Durante entrevistas, Ribeiro discute a importância de enxergar o aprendizado e o sonho como interconectados. Ele destaca que, embora a ciência tenha evoluído em várias áreas, muitas vezes adota um discurso isolado em relação a outros conhecimentos. Para ele, a ciência é poderosa, mas não deve ser a única forma de compreender a vida.

Atualmente, muitas pessoas se sentem culpadas por não estarem sempre produzindo e, como resultado, enfrentam dificuldades para dormir. A insônia é frequentemente causada por preocupações que não nos deixam descansar e, com isso, a capacidade de resolver problemas se torna mais limitada. Ribeiro observa que o sistema capitalista demanda cada vez mais tempo das pessoas, prejudicando a qualidade do sono e diminuindo a conexão com os sonhos.

Além disso, ele menciona que a falta de sono pode agravar a desagregação social, tornando as interações interpessoais mais difíceis. Isso significa que uma pessoa que dorme mal pode impactar negativamente o ambiente coletivo ao seu redor, seja na escola ou no trabalho.

Ribeiro também traz à tona a relação entre sonhos e esperança, argumentando que vivemos um período com enormes desafios sociais e ambientais. A falta de cuidados básicos, como uma boa alimentação e exercícios, se tornou comum, o que reflete um quadro preocupante sobre a qualidade de vida da população.

Os chamados “sonhos” não se limitam a experiências noturnas; eles também representam as diferentes possibilidades que imaginamos em nossas vidas. Ribeiro sugere que esses sonhos são elementos de empatia e ajudam a entender os desejos e medos de outras pessoas, o que pode enriquecer a vida em comunidade.

Para fortalecer esse contato com os sonhos, ele sugere práticas como estabelecer uma boa rotina de sono, relatar os sonhos ao acordar e experimentar atividades que estimulem a conexão com as dimensões interiores, como meditação e dança. Segundo Ribeiro, sonhar é tão essencial quanto respirar, e essa prática pode ser recuperada com esforço.

Além disso, ele reconhece que experiências compartilhadas, como a pandemia, criam uma espécie de inconsciente coletivo. Muitas pessoas sonham de maneira semelhante em períodos marcantes, e isso mostra como alguns eventos afetam a todos. Ribeiro acredita que é necessário um olhar mais amplo para entender os problemas sociais, reconhecendo que muitos distúrbios psicológicos estão relacionados com as condições de vida e não apenas com características individuais.

Ele conclui afirmando que a compreensão dos sonhos pode ser um caminho para encontrar soluções para as dificuldades sociais mais amplas, promovendo um espaço de diálogo e empatia na comunidade.

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