A ovinocultura no Rio Grande do Sul está passando por um período de valorização, especialmente para os criadores de ovinos, devido ao aumento no consumo de carne ovina. Após um declínio nos preços nos anos de 2022 e 2023, a situação se inverteu em 2025, quando os preços alcançaram níveis recordes.
De acordo com a Emater-RS, os valores do cordeiro vivo no estado ultrapassaram R$ 12,15 por quilo na última semana, um aumento de 25% em comparação ao mesmo período de 2024, quando o preço era de R$ 9,74. Além disso, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que, em outubro, os preços chegaram a R$ 13,08, marcando um recorde histórico e uma alta de 23,2% em relação aos R$ 10,61 do ano anterior.
Edemundo Gressler, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), ressalta que este aumento vem como resultado de uma maior demanda por carne ovina de qualidade, o que fortalece o mercado interno. Gressler afirma que esse crescimento é particularmente benéfico para pequenas e médias propriedades rurais, que compõem a maior parte da produção gaúcha, gerando renda e criando oportunidades para as famílias do campo.
O criador Ricardo Serpa, por exemplo, destaca que o preço do cordeiro, que atualmente varia entre R$ 13 e R$ 14 por quilo vivo, é significativamente maior que o do boi, que está em torno de R$ 10. Isso significa que a carne de ovino está custando entre 30% e 40% a mais do que a bovina.
Na sua propriedade em São Lourenço do Sul, Serpa possui um galpão que comporta 1.800 cordeiros, mas está ampliando a estrutura para 2.600. Neste ano, ele comercializou 8.500 cordeiros. A maior demanda por carnes gourmet, especialmente em restaurantes de São Paulo, está impulsionando a ovinocultura na região.
Por outro lado, o médico veterinário Vinicius Barcelos, que administa a Cabanha Matarazzo, enfatiza que a informalidade no mercado prejudica os preços que os criadores poderiam receber. Muitos consumidores ainda preferem comprar carne de criadores individuais, muitas vezes sem os devidos cuidados sanitários. Se a ovinocultura fosse mais organizada e menos informal, ele acredita que o preço do cordeiro poderia ultrapassar R$ 15 o quilo.
Em resumo, o aumento na valorização da carne ovina no Rio Grande do Sul reflete tanto uma mudança nas preferências dos consumidores quanto a necessidade de melhores práticas dentro da cadeia de produção. Com a expectativa de continuidade desse aumento na demanda, o futuro da ovinocultura parece promissor.