terça-feira, 18 de novembro de 2025
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O aumento dos feminicídios no Rio Grande do Sul

EM 18 DE NOVEMBRO DE 2025, ÀS 16:44

Crescimento da Violência Contra Mulheres no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul tem sido destacado pela redução geral dos índices de criminalidade, mas essa realidade não se reflete na segurança das mulheres da região. Entre janeiro e outubro de 2025, foram registradas 69 mortes de mulheres, um aumento de 21% em comparação ao ano anterior. Além disso, o número de tentativas de homicídio cresceu de 189 para 226, o que representa um aumento de 19%.

Esses dados alarmantes indicam que as políticas de proteção às mulheres no estado estão falhando. No feriado de Páscoa deste ano, por exemplo, dez mulheres foram assassinadas em um curto espaço de tempo, em crimes influenciados pela condição de gênero e por situações de violência doméstica e familiar. Caso a tendência atual continue, o Rio Grande do Sul poderá manter a liderança nacional nos feminicídios, especialmente entre as mulheres que estavam sob medidas protetivas no momento do crime, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança.

A ausência de políticas públicas efetivas para proteger as mulheres se tornou evidente, levando o governador Eduardo Leite a anunciar, em setembro, a recriação da Secretaria da Mulher. Esta secretaria havia sido extinta em 2015, e desde então, o estado tem enfrentado longos períodos de desmonte e descaso em relação a estruturas de prevenção e proteção, resultando em um aumento alarmante no número de assassinatos.

Além da falta de recursos e políticas específicas, as forças de segurança, responsáveis por combater o crime, atuam em condições adversas. As Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) em Porto Alegre e Viamão enfrentam graves problemas. Em Porto Alegre, por exemplo, não há espaço adequado para que as vítimas aguardem atendimento, levando muitas a esperar horas do lado de fora, muitas vezes com seus filhos, o que desestimula que procurem ajuda. Em Viamão, apenas sete profissionais atendem a toda demanda, evidenciando a precariedade do sistema.

Embora a polícia e os agentes de segurança sejam o último recurso na proteção das mulheres, é fundamental que existam redes de apoio e integração de instituições para que as ações de prevenção e acolhimento sejam efetivas. Essa rede, quando falha, resulta em tragédias como os feminicídios observados.

É imprescindível que o governo reconheça o papel das polícias e das forças de segurança como parte da solução para esses problemas. Para isso, é necessário investir em condições de trabalho dignas e em ações educativas que visem a prevenção da violência. Dessa forma, será possível atuar antes que a violência chegue a níveis extremos, resultando em homicídios.

A luta contra o feminicídio e a violência de gênero deve abranger todas as áreas da sociedade, da educação básica ao atendimento médico. Para construir uma rede eficaz, são necessários investimentos em casas de abrigo, centros de referência e programas de reeducação de agressores, além de campanhas de conscientização. Assim, a polícia poderá realizar seu papel de proteger as mulheres e combater de forma eficaz os responsáveis pelos crimes no estado.

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