domingo, 07 de dezembro de 2025
Notícias de última hora

Médicos Sem Fronteiras se destacam em revista por atuação no RS

EM 1 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 06:14

Enchentes no Rio Grande do Sul e seus impactos na saúde mental

As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2023 e 2024 geraram preocupações significativas, especialmente em relação à saúde mental das populações afetadas. Esse tema foi destacado em uma publicação feita pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) em colaboração com a revista médica britânica The Lancet.

O estudo realizado pela MSF focou nos efeitos das mudanças climáticas na saúde das comunidades. Durante as enchentes no Vale do Taquari, a organização observou que a repetição de desastres naturais está fortemente ligada ao aumento de problemas de saúde mental, um dos principais focos de sua atuação na região.

Anderson Beltrame, psicólogo e gerente de saúde mental do projeto da MSF, destacou a vulnerabilidade de certos grupos. Ele mencionou que comunidades indígenas, migrantes, populações rurais e idosos são as mais afetadas por essas situações extremas. Um dos muitos desafios enfrentados por essas comunidades é a dificuldade de acesso à comunicação, o que agrava a situação.

Um dos pontos críticos abordados no relatório é que o breve intervalo entre as duas enchentes impediu que a população tivesse tempo suficiente para se recuperar. Beltrame explicou que os impactos das mudanças climáticas afetam diferentes regiões de maneira desigual e ressaltou como isso se torna uma carga contínua para as comunidades afetadas.

O psicólogo também relatou que, apesar das equipes de atendimento terem se preparado melhor para o segundo evento, a população sofreu com a falta de tempo para se recuperar, o que afetou significativamente a saúde mental. Ele explicou que é natural a ocorrência de ansiedade, alterações no apetite e na rotina de sono após desastres, mas essas reações não devem ser rapidamente diagnosticadas como transtornos, pois são respostas naturais a situações anormais.

Entretanto, ele também destacou que é crucial oferecer apoio psicológico logo após o evento, para evitar que estas reações se tornem problemas crônicos de saúde mental. Em situações normais, apenas 1% a 2% da população necessita de cuidados psicológicos. Após um desastre natural, essa taxa pode dobrar, chegando a até 6%.

Sem intervenções rápidas, um número crescente de pessoas poderá precisar de cuidados especializados, o que pode sobrecarregar os sistemas de saúde. Beltrame finalizou ressaltando que a saúde mental deve ser considerada em qualquer resposta a desastres, principalmente aqueles relacionados a mudanças climáticas, com um enfoque na comunidade.

Esses eventos deixaram lições importantes sobre a necessidade de ações concretas e urgentes para proteger a saúde mental das pessoas afetadas por desastres naturais.

Receba conteúdos e promoções