Em novembro, inicia-se a campanha dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Meninas e Mulheres. Para marcar essa data, a Secretaria da Mulher (SDM) promoveu o evento “Pelas Mulheres” no Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre, no último sábado. A atividade reafirma o compromisso do governo do Estado com a proteção e igualdade de gênero, reconhecendo que essa causa envolve toda a sociedade.
O evento contou com apoio de várias organizações, incluindo a Organização Internacional das Migrações (OIM) e o Instituto Moinhos Social (IMS). A atriz e modelo Luiza Brunet, embaixadora da OIM e defensora dos direitos das mulheres, esteve presente. Ela trouxe à tona sua experiência pessoal e a importância de dar voz às mulheres que enfrentam violência.
A titular da SDM, Fábia Richter, destacou que o machismo é uma das principais causas da violência contra a mulher e que é necessário um esforço conjunto para combatê-la. “Não resolveremos isso sozinhos. É uma luta de todos”, afirmou.
Durante o encontro, a promotora de Justiça Alessandra da Cunha abordou a saúde mental das mulheres. Ela enfatizou que, muitas vezes, as vítimas de violência acabam se envolvendo com o crime devido à falta de apoio e acolhimento. “Precisamos parar de transformar estas mulheres em criminosas. Elas precisam de ajuda e suporte”, disse.
A advogada Cintia Graziella Seben, que atua no Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, acrescentou que muitas mulheres enfrentam agressões em momentos já difíceis, como durante o tratamento de câncer. Elas frequentemente não conseguem perceber a gravidade da violência que sofrem, o que as leva a se sentirem culpadas.
Simone Corrêa Souza, uma executiva da área da saúde, compartilhou suas experiências com a violência doméstica e ressaltou a necessidade de as mulheres denunciarem essas situações. Ela comentou que, após romper um ciclo de abuso, dedicou sua carreira a empoderar outras mulheres.
Luiza Brunet também compartilhou sua vivência de sofrimento em um lar violento e seu próprio caminho para a denúncia, ressaltando que muitas mulheres se calam por vergonha. “Não devemos ter vergonha. Precisamos conversar sobre isso”, disse.
A enfermeira Nathalia Osório falou sobre como a saúde abrange mais do que apenas doenças. Para ela, os serviços de saúde devem estar preparados para ouvir as mulheres que vivem violência, identificando sinais sutis da situação.
A superintendente do Hospital Moinhos de Vento, Melina Schuch, reforçou a importância da cultura de respeito e do apoio às mulheres. Ela acredita que cada gesto de solidariedade conta na construção de um ambiente mais igualitário.
Viviane Viegas, secretária-adjunta da SDM, alertou sobre a violência digital, que afeta muitas mulheres. Ela aconselhou os familiares a estarem atentos e coletar provas caso a violência ocorra no ambiente virtual.
O evento também teve a participação de outras mulheres que compartilharam suas histórias, revelando a vergonha que sentiram após serem agredidas. No final, Fábia Richter explicou que a escuta ativa é vital para entender e abordar esse problema social, especialmente em um período sensível como o das festas de fim de ano.
Para enfrentar a violência contra a mulher, o governo estadual tem implementado iniciativas, como o projeto de Monitoramento do Agressor, que visa prevenir feminicídios e melhorar o controle de casos de violência doméstica.
Viviane Viegas mencionou que a legislação atual tornou possível a aplicação de medidas mais rigorosas para os agressores, como o uso de tornozeleiras eletrônicas, que já mostraram resultados positivos na redução da violência.
Durante a atividade, o Instituto Moinhos Social também ofereceu serviços de saúde para a comunidade, como orientação e aferição de pressão arterial, com o objetivo de promover autocuidado e prevenção.