Documentário Revela o Papel das Mulheres na Cultura Gaúcha
No Pampa gaúcho, mulheres transformam lã em histórias de resistência e independência, enfrentando um mundo muitas vezes dominado por homens. Esse é o foco do documentário “Linhas da Terra e do Tempo”, que está sendo produzido pela Gloriosa Filmes. As filmagens começaram em 9 de novembro e são realizadas em várias cidades do Rio Grande do Sul, incluindo Bagé, Caçapava do Sul, Cambará do Sul, Jaguarão, Lavras do Sul, Mostardas, Pinheiro Machado, São Gabriel e São Miguel das Missões. O projeto tem previsão de conclusão das gravações no dia 5 de dezembro e seu lançamento está agendado para 2027.
O filme irá apresentar cerca de 20 mulheres que desempenham um papel fundamental na preservação de uma tradição profundamente ligada à identidade gaúcha. Essas artesãs são responsáveis por trançar, costurar e bordar artefatos de lã que não apenas representam sua habilidade, mas também contribuem para seu fortalecimento como cidadãs.
Tatiana Lohmann, diretora do documentário, explica que a obra não se limita apenas ao artesanato: “Estamos falando de histórias de mulheres que estão vivenciando o processo de valorização de seu trabalho, após muitas batalhas”.
Com uma equipe diversificada e uma abordagem sustentável, as gravações estão programadas para 22 dias, cobrindo as nove localidades, que ficam próximas à fronteira com Argentina e Uruguai. A primeira cidade escolhida para as filmagens foi São Miguel das Missões e, neste momento, a equipe está concentrada em Cambará do Sul.
O documentário não apenas captura as histórias das artesãs, mas também as paisagens naturais e urbanas de cada cidade. Sob a direção de fotografia de Edu Rabin, serão documentadas todas as fases do trabalho com a lã, que inclui a tosquia dos animais, a limpeza e lavagem da lã, o molho, a secagem ao sol, o pentear, o fiar, a roca, o tear, e a criação de produtos diversos.
Os objetos resultantes desse trabalho carregam a essência do passado e refletem modos de vida únicos. Kátia Samara, a produtora executiva, destaca a importância de preservar as práticas que são passadas de geração em geração. “Esses saberes e fazeres em relação à lã de ovelha se tornam um patrimônio cultural, fortalecendo a identidade da mulher gaúcha”, afirma. Ela acrescenta que toda a cadeia produtiva, desde o cuidado com os animais até o desenvolvimento dos produtos artesanais, está intimamente conectada à história e aos costumes da região.