domingo, 07 de dezembro de 2025
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Aquecimento e seca preocupam safra de soja no RS

EM 5 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 12:16

Projeções Climatológicas Alertam para Lavouras de Soja no Rio Grande do Sul

As previsões meteorológicas indicam que o Rio Grande do Sul enfrentará um cenário de temperaturas acima da média e chuvas abaixo do normal durante os meses críticos de desenvolvimento da soja. As lavouras começaram a ser semeadas em outubro, e a nova safra está sob vigilância.

De acordo com especialistas, a presença do fenômeno La Niña pode agravar a situação, tornando a distribuição das chuvas ainda mais irregular em algumas partes do estado. O agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, explicou que os modelos climáticos preveem chuvas 50 a 100 milímetros abaixo do normal, o que acende um sinal de alerta.

As projeções para os meses de dezembro e janeiro mostram que as temperaturas devem variar entre 0,5ºC e 1ºC acima da média, com precipitações abaixo do esperado. Embora este cenário não seja considerado uma tragédia iminente, ele aumenta a chance de estiagens e pode afetar diretamente a produção.

O impacto, no entanto, não será uniforme. Regiões como a Zona Sul e a Fronteira Oeste do estado podem sofrer as consequências de forma mais intensa, e há a possibilidade de perdas significativas em lavouras que dependem de chuvas regulares.

Esse cenário explica o atraso no plantio de soja em algumas áreas, devido ao período de chuva mais intenso no inverno, que atrasou o cultivo do trigo e, por consequência, o da soja. Como resultado, a produção estará mais concentrada.

Estratégias para Mitigar Perdas

Gilberto Cunha sugere que os produtores adotem algumas medidas para minimizar riscos. Uma das principais orientações é a diversificação do plantio. Para aqueles que ainda não semearam, é recomendado evitar concentrar o plantio em um único momento. Isso envolve diversificar tanto as épocas quanto os grupos de maturidade das culturas.

Além disso, o uso de seguro agrícola é fundamental, permitindo que os produtores transferem parte do risco, especialmente em anos com maior probabilidade de estiagem. O preparo do solo também é crucial; um solo bem estruturado pode reter melhor a água da chuva.

Cunha destaca a importância de três práticas essenciais:

  1. Plantio direto pleno com cobertura vegetal durante todo o ano;
  2. Plantio em nível ou em contorno para auxiliar na infiltração da água;
  3. Sistematização das áreas, como o terraceamento em locais com declividade acima de 4%.

Outra prioridade é a eliminação do chamado “vazio outonal”, que se refere aos períodos em que a área não está cultivada e é invadida por plantas daninhas. Isso é vital para melhorar a retenção de água e reduzir a competição por nutrientes na lavoura.

Embora o risco climático este ano seja maior do que nos dois últimos anos, que foram dominados pelo fenômeno El Niño, as atuais condições não indicam uma estiagem severa e generalizada. A produtividade das lavouras dependerá crucialmente da distribuição das chuvas entre dezembro e fevereiro, um período decisivo para a soja.

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