Entre janeiro e novembro deste ano, os pequenos produtores do Rio Grande do Sul obtiveram R$ 5,78 bilhões em crédito rural por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Esse valor representa uma queda de 29,8% em relação ao montante de R$ 7,96 bilhões liberados no ano anterior.
A redução no acesso ao crédito rural é atribuída à crise de endividamento enfrentada pelos produtores, assim como a problemas climáticos que afetaram a região nos últimos anos. Além disso, a queda nos preços dos grãos agravou a situação, dificultando ainda mais o acesso a crédito e seguros agrícolas.
Kaliton Prestes, secretário-executivo da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), destacou que as famílias estão buscando menos crédito devido às dificuldades para quitar dívidas anteriores. Ele mencionou que apenas 30% das carteiras foram atendidas pela Medida Provisória (MP) 1314/25, que liberou até R$ 12 bilhões em crédito rural subsidiado pelo Ministério da Fazenda.
Os problemas financeiros dos agricultores também se refletem nos dados do seguro rural. Até 2023, o Proagro, que é exigido para quem financia custeio via Pronaf, cobrinha entre 17% e 19% da área de produção agropecuária no estado, que totaliza 22 milhões de hectares. Contudo, essa cobertura caiu para apenas 8,8% em 2025.
O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), que auxilia na contratação de seguros privados, também registrou queda significativa. Em 2025, ele abrange apenas 1,88% das lavouras e pastagens do Rio Grande do Sul, comparado a 20% na safra 2020/21.
Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS, alertou que muitos agricultores estão optando por sistemas de troca com empresas e cerealistas ou usando recursos próprios, o que significa que estão sem proteção de seguros. Ele enfatizou que essa situação ocorre em um momento em que os problemas climáticos estão aumentando, tornando os produtores ainda mais vulneráveis.
A Fetag-RS afirmou que uma das causas da baixa adesão ao PSR é o corte de recursos destinados ao programa. Há relatos de agricultores recebendo cobranças das seguradoras por valores que deveriam ser pagos pelo governo federal, aumentando assim a pressão sobre os produtores que já enfrentam dificuldades financeiras.
A situação aponta para um cenário de crescente insegurança no setor agrícola, especialmente em tempos desafiadores.