segunda-feira, 01 de dezembro de 2025
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Kopenawa: a terra-floresta em debate no cinema

EM 25 DE NOVEMBRO DE 2025, ÀS 23:16

Davi Kopenawa: Um Convite ao Diálogo sobre a Terra-Floresta

Davi Kopenawa Yanomami é um dos líderes indígenas mais conhecidos do país, reconhecido por sua luta em defesa do povo Yanomami e do meio ambiente. O documentário “Kopenawa: Sonhar a Terra-Floresta” explora sua trajetória e visão sobre a conexão entre a natureza e os seres humanos, passando por suas experiências e desafios ao longo da vida.

O filme, dirigido por Marco Altberg e Tainá De Luccas, utiliza uma abordagem que combina imagens de arquivo e depoimentos de figuras influentes, como José Celso Martinez Corrêa, Ailton Krenak e Gilberto Gil. Esses depoimentos se entrelaçam com trechos de “A Queda do Céu”, livro coescrito por Davi Kopenawa e Bruce Albert. A proposta é apresentar a sabedoria e as reflexões de Kopenawa de forma acessível, sem exagerar na dramatização ou na formalidade.

A produção evita uma narrativa convencional e busca captar a essência da oralidade. A calma e a força das palavras de Davi são centrais. Ele não se apresenta como um artista em cena, mas sim como um porta-voz sincero de suas vivências. Cada pausa e sorriso revela uma mensagem, refletindo sua sabedoria acumulada ao longo dos anos. Os cineastas mostram sensibilidade em perceber que Davi é quem guia a história.

O documentário se insere em um contexto mais amplo, que inclui outras produções recentes que atestam o respeito e a atenção dedicados às histórias dos povos indígenas. Entre os trabalhos relacionados estão “Martírio” e “A Flor do Buriti”. Embora o filme não ofereça inovações cinematográficas, ele se propõe a ser um ponto de partida para discussões sobre a cultura indígena, especialmente para aqueles que possam estar distantes ou desfamiliarizados com essas questões.

A delicadeza com que a narrativa se desenrola é uma das suas principais qualidades. O filme não se impõe de forma agressiva, mas também não se omite. Ele convida o espectador a refletir sobre a colaboração entre a natureza e a humanidade, reconhecendo a importância da voz de Kopenawa como um agente de mudança. Ao assistir, o público é levado a contemplar a força de um indivíduo que decidiu não se silenciar, como as ondas do mar que nunca param de se mover.

O filme foi apresentado no Bonito CineSur, um festival de cinema sul-americano de 2025, evidenciando a relevância do tema e a necessidade de diálogo sobre a proteção dos territórios e culturas indígenas.

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