sábado, 20 de dezembro de 2025
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Tabaco sustenta economia no Rio Grande do Sul

EM 20 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 08:43

Produção e Exportação de Tabaco no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul é o maior produtor e exportador de tabaco do Brasil, uma atividade que tem grande importância econômica. Apesar de garantir uma renda acima da média em pequenas propriedades, a cultura exige dedicação e mão de obra intensa.

Em 2022, o tabaco foi responsável por 17,7% das exportações do estado, totalizando 2,744 bilhões de dólares. Esses números são expressivos, superando até mesmo as exportações de carnes, que somaram 2,308 bilhões de dólares. Somente em outubro, as exportações de tabaco alcançaram 300 milhões de dólares, um aumento de 70% em relação ao mesmo mês do ano passado. Ao longo do ano, 92 países importaram fumo do estado, com embarques que chegaram a 2,508 bilhões de dólares até novembro, representando 22,47% das exportações agrícolas do Rio Grande do Sul.

Um estudo do Departamento de Economia e Estatística do estado revelou que, em 2022, foram utilizados 158,73 mil hectares para o cultivo do tabaco, gerando cerca de 343 mil toneladas. O valor bruto de produção foi de 5,74 bilhões de reais. O estado abriga mais de 90% da produção nacional, e o Brasil é o maior exportador mundial de tabaco não manufaturado desde 1993, enviando cerca de 90% da produção para o exterior, com destaque especial para o mercado asiático.

Desafios e Pressões do Setor

Apesar da relevância econômica, a produção de tabaco enfrenta crescentes pressões internacionais, especialmente devido a compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, da OMS. Esse documento ressalta a tensão entre os benefícios socioeconômicos da cultura e as políticas que visam reduzir o consumo de tabaco. Além disso, o número de fumantes no país caiu de 15,7% da população em 2006 para 9,3% em 2023, refletindo uma pressão sobre o mercado interno.

A produção de tabaco tem diminuído globalmente desde 2013, enquanto o valor das exportações aumentou, beneficiando-se da alta dos preços internacionais. No entanto, a volatilidade dos preços e a redução do consumo em nível mundial criam um cenário incerto para os produtores, que enfrentam dificuldades para diversificar suas atividades.

Desafios da Mão de Obra e Viabilidade Econômica

Os produtores de tabaco, como Anderson Rafael da Silva Barros, enfrentam dificuldades com a escassez de mão de obra e condições climáticas imprevisíveis. Barros, que cultiva 28,9 hectares em Santa Cruz do Sul, relata que a sua família está há gerações na atividade, que requer um intenso trabalho ao longo de todo o ano. Ele destaca que o clima irregular, com secas e chuvas intensas, afeta diretamente a produção.

Além disso, a regulatória trabalhista atual e a busca por trabalhadores torna o cenário mais desafiador, com muitos jovens abandonando a atividade rural em busca de empregos nas cidades, devido ao desgaste do trabalho no campo.

Apesar das dificuldades, Barros observa que a renda gerada com a produção de tabaco tem melhorado. A remuneração média mensal é de cerca de três salários mínimos líquidos, ou R$ 4.554,00, o que é considerado bom, especialmente em comparação a outras profissões.

Perspectivas de Renda e Qualidade de Vida

Os produtores de tabaco têm uma renda média mensal de R$ 11.755,30, o que proporciona uma melhor qualidade de vida às suas famílias. Muitos deles, além de cultivar tabaco, também atuam em outras atividades agrícolas ou têm trabalhos fora do campo. Estudo da UFRGS indica que 80% dos produtores estão nas classes A e B, e isso é um reflexo do bom acesso a itens de conforto e saúde.

O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco afirmou que o tabaco continua a gerar uma renda significativa para as famílias rurais do estado. De acordo com dados, esta cultura ocupa quase 270 mil pessoas no meio rural. O tabaco é considerado um dos produtos agrícolas que mais gera renda por hectare, sendo mais rentável que a soja e o milho.

Sucessão Familiar e Desafios Estruturais

Um dos grandes desafios do setor é a sucessão familiar. Muitos agricultores enfrentam dificuldades para manter as gerações futuras na atividade. A necessidade de mão de obra representa entre 40% a 45% dos custos de produção, e a escassez de trabalhadores agrava essa situação.

É importante ressaltar que a diversificação das atividades se mostra essencial para mitigar riscos futuros. Atualmente, cerca de 40% a 45% da renda dos produtores já provém de atividades diversificadas, como leite e criação de aves e suínos.

Desafios do Contrabando e Competição Internacional

O setor enfrenta também o problema do contrabando de cigarros, que representa 32% do mercado nacional. O contrabando custa bilhões em perda de arrecadação e impacta diretamente a economia formal. O Paraguai é uma fonte significativa de produtos contrabandeados que afetam o mercado interno.

Ao longo deste ano, o segmento também foi impactado por tarifas impostas pela Administração de Donald Trump, que trouxe desafios adicionais para as exportações.

Conclusão

O tabaco é crucial para a economia do Rio Grande do Sul, mas enfrenta desafios variados que demandam uma resposta proativa dos produtores e das autoridades. A estabilidade de renda e a busca por diversificação são fundamentais para garantir a sustentabilidade do setor.

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