segunda-feira, 08 de dezembro de 2025
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Mais de 400 mil vivem em favelas e comunidades no RS

EM 8 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 14:13

A Realidade das Comunidades em Porto Alegre

Morar em comunidades urbanas e favelas no Brasil traz desafios diários para milhares de pessoas. Em locais como o Morro da Polícia, em Porto Alegre, muitos enfrentam problemas como ruas sem pavimentação, esgoto a céu aberto e falta de calçadas e iluminação. Suelen Machado, de 34 anos, é uma moradora que vivencia essa realidade e destaca as dificuldades, especialmente em dias de chuva, quando a situação se torna ainda mais complicada.

A condição das ruas nas proximidades das comunidades tem um impacto direto na mobilidade das pessoas. Segundo Suelen, a ausência de estrutura é um desafio constante, principalmente para aqueles com dificuldades de locomoção. Ela afirma: “É muito ruim viver assim. Não tem estrutura nenhuma, essa é a verdade.”

Dados Recentes sobre a População em Favelas

O Rio Grande do Sul ocupa o 12º lugar entre os estados com maior número de habitantes em favelas, com cerca de 416 mil pessoas vivendo nessas condições, o que representa 3,8% da população. Porto Alegre, a capital, concentra aproximadamente 289 mil moradores em favelas. Esses números foram divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo Demográfico 2022.

No país, cerca de 16,4 milhões de pessoas residem em 12,3 mil favelas em 656 municípios. A região Sul concentra 10,4% das favelas, enquanto a maior parte está no Sudeste, com 48,7%.

Definição de Favelas e Comunidades Urbanas

O IBGE define favelas e comunidades urbanas como áreas que carecem de serviços públicos adequados e que foram construídas em desacordo com a legislação urbanística. Muitas dessas localizações se encontram em áreas de risco, evidenciando a precariedade em que vivem seus moradores.

Desigualdade Regional

Embora o Rio Grande do Sul não tenha uma das maiores populações em favelas, existem particularidades importantes relacionadas ao acesso aos serviços. Em aspectos como arborização, infraestrutura de saneamento e iluminação, a diferença entre as condições nas favelas e em outras áreas é uma das mais acentuadas do país.

Por exemplo, em Porto Alegre, apenas 33,1% dos moradores de favelas vivem em ruas arborizadas, contra 83,4% fora dessas áreas. Os números no estado são melhores, mas ainda assim alarmantes, com 46,1% de cobertura de árvores para moradores de favelas, comparado a 79,8% fora delas.

Situação do Saneamento

A questão do saneamento básico também merece atenção. Somente 44,1% da população das favelas no Rio Grande do Sul tem acesso a bueiros ou bocas de lobo, enquanto esse índice é de 80,9% fora das comunidades. Em Porto Alegre, essa disparidade se amplia, com apenas 39,2% das favelas tendo acesso a essas estruturas.

Mobilidade e Iluminação

Em relação à mobilidade, apenas 37,4% dos moradores de favelas têm calçadas em suas ruas, sendo que somente 4,8% dessas calçadas não apresentam obstáculos. Em contraste, fora das comunidades, 88,7% têm calçadas, sendo que 53,1% estão livres de entraves.

A qualidade da iluminação pública também é crítica. Enquanto 91,1% dos moradores de favelas em todo o Brasil vivem em áreas iluminadas, Porto Alegre apresenta números baixos, com muitos locais ainda sem adequadas soluções de iluminação. Desde 2019, a iluminação na cidade foi delegado à iniciativa privada, e a instalação de novos pontos de luz está em andamento.

Falta de Planejamento Urbano

Os problemas enfrentados nas comunidades são reflexo da falta de planejamento urbano adequado. O Morro da Polícia, por exemplo, é caracterizado por construções feitas em desacordo com normas de ocupação, muitas delas em zonas de risco. Eber Marzulo, professor de arquitetura da UFRGS, critica a inércia nas políticas de urbanização que sustentam essas disparidades.

O secretário de Serviços Urbanos de Porto Alegre, Vitorino Baseggio, reconhece que décadas de descompasso nas políticas habitacionais dificultaram melhorias nas periferias. Ele acrescenta que a expansão irregular dessas áreas gerou um grande desafio para a administração pública, que agora precisa agir com urgência para atender às demandas mais críticas.

Apesar das limitações orçamentárias, Baseggio afirma que a Prefeitura está investindo em ações para melhorar a infraestrutura em vilas, utilizando ferramentas como o Orçamento Participativo, que tem proporcionado melhorias significativas nas comunidades ao longo dos anos.

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